Sentimento

Eu estava perdida, não conseguia me lembrar do que tinha acontecido realmente, só sentia dor, muita dor, quase não conseguia abrir os olhos, mas no pouco que consegui, eu vi um quarto, um quarto feio, parecido com de algum hospital qualquer, minha respiração estava ficando mais fraca, e cada vez mais dolorosa, não via ninguém, procurava mais não via, cadê  todo mundo? cadê a minha mãe? era uma sensação horrível, comecei a lutar contra mim mesma, não conseguia mais respirar, de repente muitas pessoas começaram a entrar no quarto, eu pude ouvir, e vi que estavam todos de branco, senti medo, foi aí que tudo apagou. Acordei outra vez, mais dessa vez comecei a ver um filme, um filme da minha própria vida, como se eu estivesse presente em cada cena, vi meus primeiros passos, como eu era linda, vi meus irmãos cuidando de mim, e naquela época, eles brigavam pra ficar comigo, e não comigo, vi meus pais cuidando de mim, minha mãe com aquele seu jeito único de dar carinho e de me proteger, vi meu pai e comecei a chorar, era tão difícil pra mim, há tanto tempo que não o via, era possível um pai sentir tanto amor a uma filha? me vi com 5 anos brincando, tão inocente, 7 anos, vi os natais, ano novo e todas as comemorações que fazíamos em família,vi um dos dias mais dificeis pra mim, meu pai me dizendo que estava doente, de repente já tinha 10 anos, e não, não queria ver aquela cena outra vez, como me doía, me vi voltando da escola e minha mãe pronta pra dizer que eu havia perdido meu pai, chorei muito, e vi que passei meses chorando. Mas a cena pulou, vi meus novos amigos, minha nova vida depois daquilo, vi minha adolescencia, e o meu primeiro porre, vi os amores não correspondidos, eu vi que até consegui ser feliz outra vez! aí comecei a ver o dia de hoje, é hoje mesmo, o que estava fazendo, estava andando na rua, estava a noite, e eu queria logo ver o que tinha me levado para aquele quarto, mais aí ficou tudo escuro de novo, e eu acordei naquela mesa de novo, uma luz branca no meu rosto, e então eu pude ver minha mãe, tão linda e tão triste, ela chorava. Tentei levantar e falar com ela, mas não conseguia, o que estava acontecendo? eu precisava de respostas, mas a ultima coisa que ouvi, uma voz estranha, um homem falando:
   - Sinto muito, não podemos fazer mais nada. 
  Então eu entendi e parti, sem ao menos saber o que tinha me levado a morte.

Marcela Polis

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